segunda-feira, 14 de julho de 2014

Redamoinho, Yayo.

Eu gostaria de escrever a sua morte. Mas não teria coragem. Só tenho coragem de senti-la. E doi. Eu não tenho conseguido terminar meus poemas, meus textos. Não tenho terminado muita coisa. Percebi que nem mesmo lavava nos meus cabelos desde quinta-feira. Hoje é segunda. Sabe aquele clipe? Aquele de onde você tirou a maldita frase pra me dizer. Tô ouvindo a música. Porque é como morrer contigo. Eu só consigo pensar no quanto eu sou quebrada por querer aproveitar a tragédia toda vez que ela passa perto de mim. Como eu gosto de aproveitar a sua companhia. Até que me rasgue os poros. Eu não vivo num mundo muito real, percebe? Acho que eu sou doente. E eu te amo muito. E isso me faz sentir uma alma boa, apesar de tudo. E agora você me lembra aquele feto desenhado na sua parede. Pequeno, frágil e lilás. Eu interferi nele demais, lembra? E você lá cabisbaixo fazendo sua pintura, brigando com todo mundo. Que saudades de ver você brigando comigo. Que saudades de tudo. Que saudades de você. Queria poder te tocar. Te tocava como se fosse mesmo um bebê. Ou uma bomba, prestes a explodir. Como se teu corpo fosse um campo minado. E se eu pudesse, me deitaria nele e explodiria em mil pedacinhos. Eu morreria. Eu morreria feliz contigo. Vê? Estou falando sem rumo de novo. Você me tirou o rumo. Às vezes eu penso se talvez se eu tivesse sido mais forte com você, mais agressiva, isso talvez tivesse adiantado alguma coisa. Eu gosto da agressividade, entende? Às vezes sinto falta dela. Naquele seu texto você me disse que queria que eu o enforcasse. Como teria sido isso? E os cortes? Teria gosto de amor? Porque eu te amo. E eu repito isso como se fosse o mantra da minha sobrevivência. Da minha sanidade. Queria que não fosse tão complicado entre a gente. Nem sempre é. Agora é. Queria não ter medo de te ultrapassar os limites. Queria não viver essa incoerência todo santo dia. Queria que você não tivesse feito o que fez. Queria saber por que o fez. Um dia eu vou te perguntar. Não suporto sentir que você me deixou de fora. Porque não me disse nada além de um maldito trecho de um clipe. E foi lindo, eu tenho que admitir. Teria sido lindo se tudo acontecesse como você planejou. Eu tenho tantas perguntas para te fazer e não posso fazer nenhuma. Não posso conversar contigo. Não posso porque minha cabeça está cheia de você. Eu durmo e acordo e você tá ali. Foi quem me tirou da cama hoje. Tá tudo girando em torno de você. Eu tô me afogando em palavras aqui. Queria que isso passasse. Queria que essa distância terminasse. Estou com medo de ter abstinência de você, Yayo.

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