domingo, 19 de outubro de 2014

Balde amarelo também

Ando sempre com um cigarro na bolsa.
E ele não me traz nada.
Eu não trago nada.
Ele apenas está ali,
Na minha bolsa.
E assim estão minhas tristezas,
Meu passado,
Meus amores.
Como cigarros intocados numa caixa.
Como sapatos velhos no guarda-roupa.

Você não.
Você é objeto não tragável.
É como fogo, como luz.
Plasma, ou onda-partícula.
Você inexiste, e reflete.
Reflete o brilho da manhã,
E também a solidão da noite.
Você devolve ao mundo
Tudo o que faz sentido.
E tudo que faz bem ao espírito.

Você é as poesias que eu ainda não escrevi,
E as canções que eu não aprendi,
E as telas que eu ainda não sujei.
Do céu, me derramei de volta num balde florido.
Girassois.
Girassois por todo canto.
E amarelo,
Uma cor
Feliz.

Quem diria,
Que eu ia encontrar um jardim
Bem no meio do caos?
Quem diria,
Que ao morrer,
Eu ia ver as cores de novo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário