terça-feira, 7 de outubro de 2014

Elefante amarelo

Você me faz querer ser feliz pela manhã.
E quando no banho, os meus dedos se afogam nos meus cabelos cheios de xampu, você me faz querer lavar o meu umbigo.
A última coca-cola no deserto.
O último girassol na vida de concreto.
Você me faz pensar que há flores me esperando,
E que a vida é mais que dor.
Como se fosse o certo.
Você me ocupa a tarde de domingo,
E as segundas-feiras chatas.
E minhas mãos parecem pertencer mais à nossa conversa
Que aos instrumentos de laceração.
A morte parece mais sutil enquanto nos falamos.
E os dias, e as noites,
Tudo isso faz sentido.
Viver, levantar da cama.
Colorir uns papeis perdidos no armário.
E mandar cartas,
Criar coisas.
Até a tristeza parece mais bonita ao falar contigo.
Como se nem fosse tanto assim,
E nem doesse.
A tristeza parece até alegre quando eu te ouço.
E quando a gente ri.
Você me faz mais margarida, e menos pó.
Você me faz sentir sadia, e menos só.
Como se eu existisse.
Como se o mundo girasse.
Como se a depressão estivesse de ponta à cabeça.
Como se eu pudesse de fato conversar com alguém.
Alguém que fosse.
Alguém que fosse você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário