segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Reencontro nº4

Me explica
Por que eu sempre choro quando leio aquela carta
E quando vejo aquela sua foto,
E por que eu não aguento mais reler aquele texto.
As camomilas.
Empalideceram todas até ficarem azuis.

Espero que ainda dê tempo de eu ser a sua musa.
Você se lembra?

Quando eu comecei a te amar, ainda era cedo.
Desde então, o tempo deixou de perpetuar-se.
O tempo tornou-se você.

Todo novembro a estação muda.
Todo janeiro somos eu e você, de novo.
E se nos desencontramos ao meio de todo ano,
Somos ainda duas metades da mesma coisa.

Em toda humanidade,
Ou animalidade, que seja.
Em toda incoerência nossa,
Que entra em sintonia sem nos alertar.

Ainda glorifico a sua insubordinação emoldurada.
Ainda compreendo toda inocência que te assombra.
Percebo que, ambos percorremos em mesma escala
A trilha maldita da vida.

Eu ainda te amo
E ainda nos entendemos
Mesmo que a verdade já não seja dita.

Apavoro a ideia da sua partida.
Te busco desesperada,
E você permanece aqui.
Muda o tom de voz,
A cor do cabelo,
E a maneira como se move ao andar.

Se disfarça pra me confundir,
Mas te reconheço no reflexo do espelho.
E se é fundamental me desesperar todas as vezes,
Eu irei.
Porque te amo todos os dias,
Irredutivelmente,
Desde que me apaixonei pela primeira vez.

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