segunda-feira, 22 de maio de 2017

Te escrevi um texto

Não tenho sido
Quem você um dia conheceu
Não tenho sido a menina
Que corta os pulsos,
Seu depósito de lágrimas
Não tenho sido a menina que escuta
Madrugada adentro, o dia inteiro
Ainda faço piadas
Lembro um pouco, vagamente
De quem você costumava ser
Sou outra
Não sei mais como era
Quem você chegou a conhecer
Não tenho absorvido
Gírias absurdas
Mas vez ou outra escolho
Algo sem graça pra repetir
Não tenho pensado em ti
E nos diversos problemas que tivemos
Mas hoje pensei
E não sei por quê
Talvez eu só não possa te dizer
Não tenho sido
Quem você esperaria de mim
Mudei
Dormi e acordei vezes demais
Viva, sobrevivendo a tudo que tem sido
Digerindo todas as semanas
Amando compulsoriamente
Outros mortais
Não tenho sido o anjo decomposto
Que te dava abrigo
Tenho sido fogo, vivo e ardendo
Tenho sido madrugadas epiléticas
Tenho sido o pânico na sala de estar
Tenho sido tudo, menos algo
Que poderia te confortar
Mas hoje lembrei teu nome
Queria te enviar uma mensagem qualquer
Como você está?
Não tenho sido constante ou frequente
Não tenho sido gentil
Ou coerente
Mas você gostaria de falar com a consequência
Do que fomos nós
(e mais um pouco)?
Não tenho sido quem te conheceu
E não me recordo bem
Teu jeito de falar
Mas me conta
Quem você tem sido?
Como você está?

Nenhum comentário:

Postar um comentário