segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Sopa

Eu como no escuro
Rezando pra comida errar o orifício
E eu morrer sufocada
Eu olho para o teto
Fecho meus pulmões
Seguro a tosse
Minha garganta tenta
Tirar algo de mim
Mas não consegue
Me vem o ímpeto
De enfiar
Do punho ao antebraço
Dentro de minha traqueia
Tirar aquilo de lá
Ou acalmar a coisa
Me sinto no mesmo esgoto
De novo
Como me torturasse
Masoquismo borderline
Achasse divertido
Toda essa destruição
O peso me esmaga por dentro
Viro uma sopa insossa
Tóxica
Você deveria ter ligado as luzes
Antes de me comer

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