domingo, 30 de abril de 2017

Para tu, ou quase

Te escrevo este texto, hoje
Que seria pleonasmo chamar de triste
Já que tenho sido triste
E escrito textos
Durante toda a minha vida
Te escrevo este texto, triste
Porque não dá pra ser mais previsível
Quando se trata de mim
Eu sou um livro aberto, você sabe
E sempre te escrevi textos assim
Te escrevo este texto, ainda
Porque sinto sua falta
E te amo
E sei que um dia fomos
O que tenho reclamado de não termos sido
E me sinto angustiada
Por tudo ter terminado dessa forma
Te escrevo este texto, hoje
Tentando mais uma vez
Suportar a solidão dos dias
E o incessante dilúvio de lágrimas
Dentro do meu peito
Eu sou uma represa, e coisa e tal
Você talvez não veja desse jeito
Te escrevo este texto, nua
Enquanto meu corpo, aos poucos
Perde o calor que tinha
Porque toda a roupa que tenho vestido
Não faz jus aos teus abraços
E aos teus olhares confusos
Tua distância ainda era mais quente
Que perambular por essa rua
Te escrevo este texto, agora
Um texto triste, que já demora para terminar
Para mostrar que tomei muito tempo
Para te deixar
E que ainda me doi todos os dias
E mesmo que eu precise matar
Tudo que resta
Derramado nos teus olhos
Eu ainda sou tua
E como me doi ser tua
Espalhada nesse palco vazio
Que é existir

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