segunda-feira, 11 de junho de 2018

Árvore

Sento-me entre as raízes
Forte segue a madeira
Sugando da terra um motivo
Para viver
Despetalada aos poucos
Sob o indecifrável ritmo de ser
Ela me acolhe
Pois não tem escolha
Não fala ou reage
Não se comunica
Então me toma em seus braços
Que machucados me ardem
E em minhas costas debruçadas
Eu me afundo faminta
No solo não cabem meus dedos frágeis
Meu topo não alcança o sol
Quando murmuro algo ao vento
Na espera de ser algo além de um vegetal
Ele me silencia
E tal qual o tronco que me apaga
Eu desisto
Não há espera que cure
O anoitecer.

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