quinta-feira, 14 de junho de 2018

Súplica

Por favor, não amarre meus pés
Eu sei que não tenho andado,
Mas não quero tornar-me mobília
Sou carne e osso,
Não madeira ou aço
Por favor,
Me deixe viver.
Sei que não tenho usado
Mãos e dedos para moldar algo novo
Ou minhas palavras para ajudar alguém
Mas não me emudeça
Não tenho um bom motivo
Para te dar
Tudo que tenho é o medo
De deixar de existir
Por favor, me deixe viver.

Eu tenho pedido
Que cesse a minha dor
Mas eu sei que não há luta ou guerra
A ser vencida
A dor é dona de mim,
E todo o meu esforço
Tem sido na tentativa de me silenciar.

Não quero curar-me de minha tristeza
É tudo que sei e tudo que sou
Sei que me afogo e quero aceitá-lo
Âncora, navio fantasma
Eu desisti de me pronunciar.

Sei que não tenho cumprido
Nenhum de meus compromissos
E não tenho pretendido mudar
Não mereço piedade ou conforto,
Não mereço um lugar no mundo
Que não este poço, mas
Me deixe existir dentro dele,
Por favor,
Não me deixe morrer.

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