quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Heroína

I think I might have eaten my own heart

Tento pressioná-lo contra você
Dentro de mim, acelerado,
Chove a poluição no centro da cidade,
Porque estou vazia.
Vazia por dentro:
Sem você tentando me arrancar
Pra fora de mim.

Eu peço, quero ser sua sobremesa
Depois do almoço, o lanche, e seu jantar;
Você me come sem talheres no café da manhã,
Deixamos os pratos na pia,
Você é o que me faz acordar.

Quando você me disse que eu seria sua;
Que pagaria o preço, por mais alto que fosse,
Eu não achei que você fosse tão imenso;
Você é o infinito:
Se expandindo dentro de meu peito.
Quase que não me sobra espaço
De respirar.

Dormimos entre suor e lençois sujos,
Somos sujos.
Trocamos cobertas e olhares ariscos,
Hálito de menta e perfume nos pulsos.
Desisto de pentear seu cabelo
Pois você é lindo demais para ser retocado,
Lindo demais para não ser tocado,
Você é um ser etéreo;
My drug of choice.

Eu te mostro meus sisos
E o comprimento de minha língua,
Sentimos os cheiros um do outro
Como animais,
Minhas risadas estúpidas
Competem com teus sorrisos constrangidos;
Você é um ser extraordinário:
Nunca vi nada parecido.
Espero que você se sinta como tal.

Nada me tira dos teus braços.
O mundo desaba ao meu lado
E ainda sou sua,
Minhas pernas bambeiam exaustas
E ainda sou sua,
Minhas pálpebras despencam sobre os olhos,
Eu posso senti-lo nas pontas de meus dedos quentes,
Eu sou completamente sua.
Até as minhas memórias.

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