domingo, 23 de junho de 2013

Danaus Plexippus

- Oi! Bom dia! Como vai?

Ela dançou na minha frente, alegre. E eu continuava pasma. Imóvel.

- Por que você vai por aí? Aonde está indo? Vem comigo!

E ela se foi na direção contrária. Na mesma calçada que eu, porém no ar.
Não a segui. Permaneci imóvel. Ou quase. Me movia o suficiente para acompanhá-la com os olhos.

- Querida? Você não vem?

Ela deu meia-volta. Veio em minha direção. Passou por mim.

- Posso ir com você se você quiser...

Não entendi por que ela mudou de ideia. Não entendi por que ela resolveu ir por ali. Continuei imóvel.

- O dia está lindo, não está?

Sim, está. Pensei. Maravilhoso. Mas ainda não podia me mover. Acima de tudo, eu precisava continuar observando. Era como o momento de beleza mais sublime no universo. Era realmente necessário parar a vida para observá-la.

- Vamos!

Era como se ela me chamasse para ser feliz. Felicidade. Tudo cintilava ao sol. Ela dançou na minha frente e subiu.
Não a alcançava mais. Meus olhos se esforçaram para não perdê-la de vista. E ela me dizia:

- Tudo bem, você está certa! O mundo é nosso!


E foi por aí. Saiu voando.
E eu vi.
Eu vi o perigo chegando. Como uma tempestade.
Os monstros indo e vindo. Ela dançava alegre entre eles.
Adrenalina.


E então, cansaço. Talvez tristeza.

- Vou descansar agora. Você não quer vir comigo, mas está tudo bem... Está tudo bem agora.

Não.
Não!
Não...


Negação. Ela não podia morrer.
Tão calma...
Talvez a felicidade seja paz.

O mundo veio e a devorou. Os monstros. Passaram por cima e ignoraram sua importância.
Bom, eles me ignoraram também.

Eu quase fui dessa vez. Eu quase fui...

Eu continuava imóvel. Estatelada. Em choque.
O dia estava lindo. Voltei ao mundo e continuei meu caminho rumo ao nada.










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