terça-feira, 26 de novembro de 2013

Embalada a vácuo.

    Sabe aquele vazio que dá? Aquela coisa com gosto de fim de tarde de domingo... Aquela coisa de estar sozinho e não estar mais sofrendo de amores por ninguém. É só o vazio. O vazio e você. Um espelho feio, um tédio. Uma vontade quase morta de viver. Um canto solitário dentro de mim, e a solidão ali, como única companhia perpétua. Um nó seco no peito, e os pensamentos relampeando loucos. Vou ficando sufocada, e sentindo tudo pesado. Uma espécie de afogamento ao contrário, como se o mundo fosse acabar em nada. Como se  fosse melhor viver sem o ar. O ar é pesado demais. A falta é pesada demais, é cruel.
   Chorei ali na cama, de soluçar. Caí naquele abismo antigo por alguns instantes, e temi não sair nunca mais. Sempre temo. Sempre aquele mesmo maldito abismo. Uma porta de entrada fácil ao inferno. Mas quem disse que a vida aqui é muito melhor? O problema todo tá dentro dessa coisa, essa cúpula miserável que mantém os pensamentos ricocheteando nos mesmos pontos. Meu crânio já tá gasto. Eles têm que sair por algum lugar. Ou no mínimo, eu preciso dos novos. Os novos pensamentos, sentimentos, sensações. Mas tô vivendo de vazio. E o vazio me mata mais que qualquer coisa.
    O tédio, a solidão, o medo, o desespero. Pânico da minha existência se esvaindo. Pavor da desesperança firme e imponente. Nada, nada vai melhorar. Tá tudo errado aqui dentro, e assim que vai ficar. A minha mente é teimosa, e a única coisa em que eu consigo me manter, é no amor. E o resto é resto, é pó. É morte. O amor seria muita sorte, mas seria também sobreviver. Não quero mais nada. Fora o amor, é vácuo. E uma intermitente vontade de voltar a respirar.
    Quero morrer, quero morrer. Repito cegamente as mesmas palavras tristes. Nem mesmo posso ouvir a minha voz. Não tem pra onde fugir. Quero dormir. E não acordar nunca mais. Seria eu capaz? Quero fugir.  Desaparecer. Entre o nada e eu não faz mais diferença. Não muita mesmo. Já posso ir. Sumir.

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