quarta-feira, 2 de abril de 2014

Mundo limitado

Talvez seja culpa dos edifícios.
Das ruas engarrafadas.
Das buzinas.
Da fumaça.

Talvez seja culpa da gritaria.
De acordar todo dia
Às cinco e meia da manhã.

Talvez seja essa roupa apertada.
Esse calor infernal.
E o dinheiro
Que nem todo mundo tem.

Talvez seja esse querer geral
De que eu seja mais humana.
Mais correta.
Mais regrada.

Mais atormentada.
E decidida,
Naturalmente.

Talvez seja a falta da natureza.
Menos borboletas.
Menos árvores.
E menos cachoeiras.

Talvez seja culpa minha.
Toda essa tristeza.
Todo esse vazio.
Todo esse querer.

Talvez não seja por ela
Nem por ele
Nem por não dormir direito
Nem por não comer o que eu devia
Nem por conta dos hormônios femininos.

Talvez não seja o ambiente
Talvez não seja deus
Talvez não seja a sociedade
E nem mesmo seja eu.

Talvez não tenha mesmo explicação.
Como de onde vim,
Aonde vou.
E por que é que eu vim parar aqui.
E onde estou.
Ou quem eu sou.

Mas nada disso resolve a minha necessidade de fugir de todo mundo.
Nenhuma resposta me dá a saída pra ser menos eu.
Pra mudar tudo.
Pra ser feliz,
Ou encontrar alguma paz.

Todo esse talvez não me traz nada.
Mas eu só preciso mesmo é de um planeta.
Um qualquer onde eu possa cambalhotear as coisas.
Onde eu possa ser o que quiser quando eu quiser.
Onde o mundo seja o tudo que devia poder ser.

Falsa realidade por enquanto,
Que de verdades já estamos todos fartos.
Vamos criar um pouco.

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