segunda-feira, 17 de julho de 2023

Dissipação

Quem é você?
que não te conheço
que não te lembro meu nome
Que me rende uma noite sem sono
ou
Uma vida sem glória
um erro, um fracasso,
um estado pós-mortem
Um eco antigo
do que eu poderia ter sido
E quem eu poderia ter sido?
Se um dia eu tivesse existido
Quem é você,
Meu espelho no breu?
A fotografia invertida, o negativo
Como poderia haver algo
do outro lado
se no meio da selva
todas as árvores são surdas?
Se me parir foi consentir
com o infinito silêncio
do espaço intergaláctico
Se desde o átomo à Via
Não há nada além de este perene
Quem é você
Se é que você existe?
Você tem um nome?
Teve, um dia?
Você soube de alguma outra realidade?
Sou apenas eu que estou pra lá
De onde quer que exista qualquer coisa
Que me possa tocar
Mais uma vez?
Eu existo de fato?
Eu tenho um nome?
Eu e você somos dois que o mesmo,
ou dois distintos?
Somos o mesmo átomo
do infinito no espaço-tempo?
Eu, você
e todas as outras almas
ou seres, ou coisas supérfluas no mundo?

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