quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Oscilação.

   Era  como passar um dia inteiro sentindo o mesmo orgasmo. Não acontece, sabe? Esse tipo de sentimento, ou sensação acaba. E acaba logo. E assim foi com a paz. A paz dentro dela derreteu. A realidade consumiu e destruiu toda a fantasia. Ela estava novamente sozinha, e desejava ter dado uma última olhada... Ela não teve tempo de se despedir da ilusão. Foi arrancada e lançada contra a frieza densa do concreto. Sentia uma dor interna que conseguia ser algumas muitas vezes maior que qualquer dor que ela se provocasse. Se sentia inferior, humilhada como naqueles vídeos de fetiches bizarros que ela costumava assistir. Sentiu asco da situação. Desejou sufocantemente uma corda para laçar seu pescoço... Levou a mão aos próprios cabelos e puxou vagarosamente, mas usou toda sua força. Gritou. Gritou o mais alto que era capaz, porém não pôde ouvir nenhum som. Estava tão perdida entre os pensamentos barulhentos e confusos, que não soube dizer se sua voz ainda existia. Tentou chorar, mas seu organismo não permitiu. Malditas lágrimas. Malditas teimosas e intransigentes. Deitou-se no chão gélido e áspero e adormeceu emocionalmente exausta. Dormiu por um bom tempo.
    Quando acordou, estava sozinha consigo mesma. Não sentia frio. Tampouco calor. Não sentia nada. Observou o nada e pensou.
     "Lobotomia."

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