quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Não reciclável número 8

Falo, falo demais.
Sobre o monte de bobagens que permanece entre a verdade e o ar.
Encho nossas conversas com nadas, com tudos.
Com uma quantidade considerável de lixo.
Reclamo. Como se a vida não prestasse.
Como se eu não servisse de nada aqui, viva.
E insisto que sou uma maravilhosa puta,
Por debaixo dos panos cinzentos da insatisfação.
Minto. Minto pra você e pra todo mundo.
Até esquecer quem eu sou.
Odeio ele com todas as minhas forças, e finjo que não existe.
Escrevo.
Nada de valor. Nada que justifique uma leitura.
Mas escrevo.
E pinto. Pinto quadros que agora já não funcionam.
Deliro com minhas delícias do passado.
Estou perdida aqui.
Gosto de você por apenas uma noite.
O resto é inútil, é farsa.
Ninguém tem a me oferecer o que eu procuro.
A contração do estômago vazio se repete, e repete
Até que eu coma.
E odeio tudo que entra dentro de mim.
Até meus dedos.
Queria fazer algo muito errado, de verdade.
Não aguento mais crer nessa ilusão fajuta.
Não há ninguém para me socorrer,
Me cuidar,
Me acariciar.
Não há ninguém para me foder
Até eu gostar da vida através de um orgasmo.
Eu odeio a maneira como a lua determina em que parte do mês estamos.
E odeio o fato de os meus dedos estarem gelados sempre que eu preciso me abraçar.
Invejo aqueles que não pensam na solidão.
Invejo os que acreditam na cura.
Quero morrer.

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