quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A casa que matava madres.

   A primeira era conhecida como ex. Havia recentemente perdido uma cadelinha, do mesmo mal que agora a tinha, quando ela veio nos visitar. Ou despedir-se. Veio ela com um novo cachorrinho, apelidado Gigante por sua minusculeza, e este passou a residir conosco. Enquanto ele crescia em meio à fúnebre confusão, uma filha de um casamento antigo veio ouvir as últimas palavras da primeira moribunda que partiria daqui.
   Já da segunda já se esperava há um bom tempo algum novo problema grave. Coração. A anterior teve câncer, e a coisa lhe tomou o corpo inteiro. Já essa estava também já sem chance, mas de um mal diferente e aleatório. Estado agravado em todos os sentidos. Quatro filhos chorosos de uma não-tão-velha dona que já não queria mais estar aqui. E então, foi-se. Eu também não estava aqui.
   A pequena bola de pelo preta que festejava pelos móveis e camas do recinto amaldiçoado surgiu como notícia de morte, provavelmente no tempo exato entre estas duas mortes. E a filha só se safou porque se foi logo daqui.
   Tenho novas de uma outra que está chegando aí. Que vem porque já temem que esta também seja empacotada logo, logo. Acho que só eu canso dessas morbidezas por aqui. E depois fica aquele clima eletrizante de espíritos sádicos que rondam as paredes empoeiradas. E isso fora uma outra de que tô ouvindo falar. Uma indireta que eu espero que não acabe por aqui também. Afinal, eles parecem recolher as almas das pobres. Acho que já basta. Três tá bom. Tá, eu sei que a terceira ainda não morreu, mas é de se esperar, não é?
   Fora a maldita minha que fica adoecendo de graça o tempo todo. Trato-a como a um bebê. Atenta às doenças, e qualquer tipo de choro ou incômodo que ela externe. Não quero que a minha morra. Tá cedo ainda. Não mesmo. Já até sonhei com isso. Espero que por ser filha da última, ela esteja imune a esta praga. A necessito.

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