sábado, 17 de agosto de 2013

Quatro amantes.

De outras noites.


   O quinto amante nunca tinha tocado ninguém. Mas se parecia muito com o número dois. Aliás, o número dois também não tinha tocado ninguém quando me conheceu. O amante cinco também não se despedia muito bem, e talvez também quisesse mais de mim. O amante número seis não me parecia querer muito nada. Mas gostava de conversar. Este era um tanto frio. Mas a frieza dele era tranquila. De vez em quando ele queria que eu ficasse embaixo. O amante seis nunca me comia. Mas dizia que queria. Acho que o papo do amante seis era só papo mesmo. Vai entender. Ninguém nunca entendia.
   E agora restam dois amantes. O amante 7. O amante sete veio com essa ideia de números pra usar como metáfora. Ele foi quem me lembrou que certos códigos banais são muito interessantes. E podem ser muita metáfora se eu quiser. O sétimo amante, era, como o sete, singular. Era o que mais me instigava. O mais velho, e o mais obscuro dos amantes. O amante sete era o que me sufocava. De longe, nos meus sonhos, nos meus cantos, na minha cama. Esse amante era o pior de todos, e por isso eu o amava. Ele sempre sabia o que dizer, mesmo que estivesse calado. O amante número sete sumia e voltava, e me deixava só como se me quisesse morta. Voltava excitante como estava quando me deixara. O amante sete era o meu preferido. E fazia com ela, o que não fazia comigo. Alegava perigo. Talvez o excitasse ficar longe.
   E por último, o amante primordial. O pioneiro, mas não o número um. Este nunca se concretizou. O amante número zero, imaculado. Talvez nunca tenha sido tão puro quanto se pintava pra mim. O amante inicial era a lua. Uma luz qualquer no meio da noite. Este voltava sempre quando queria, e me revia. Sabia que era o responsável, e assim me tinha. Ele me iniciara, sem me tocar onde os outros tocariam. Este provavelmente estaria comigo sempre, mas não a todo momento. Ele também tinha seus amantes. Este, como o início, era o fim. E portanto, não poderia ser um número, pois era cíclico e infinito.
   Este último era o amante que me amava.

Um comentário:

Unknown disse...

Hm... Será que sou o amante seis? Ou o zero? Ou nenhum? hahaha, é realmente maravilhoso ler seus textos. Je t'aime, Chevrette (Papillon Noir) sz

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