sexta-feira, 8 de julho de 2016

Desordem

Assim achava,
Palavras
Precisavam ser respeitadas
Honradas
Tratadas com perfeição
Não sabia
Palavras eram o caos
Da nossa estadia
Sobre o mal que nos aflige
A palavra estava
E sobre a dor a nos redimir
Havia poesia
E entre os ossos
Da antropofagia
Só de uma forma assim
Tão desconcertante
Nos explicaria
Não era sobre reis ou regras
Ou sobre a economia
Não era sobre fé
Ou sobre os politicamente ilhados
A expressão
De todos os nossos pecados
Vinha do mesmo lugar
De onde se comprovava
A felicidade
Se é que ela existia
A palavra não era mérito
De nenhuma sabedoria
Porque de fato
Não sabíamos
De coisa alguma
Era um pesar eterno
E um flutuar soberbo
Era sobretudo
A falta de harmonia
Entre as almas
Que aqui circulam,
Sem nenhuma orientação
Era
O que éramos nós
Uma aflição
De todos os dias
Não fazer ideia
Do que nos segue
Do que nos aguarda
Do que na verdade somos
A palavra
Era
O nosso não ser
E a vida
Que nos era tirada
Antes do anoitecer

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