sábado, 20 de julho de 2013

A Miguel (2)

     Ah, oi. Oi, Miguel. Precisava conversar um pouco com você, é. Acho que ninguém poderia conversar comigo sobre isso no nível que eu gostaria, sim eu sou muito exigente. E, é, talvez eu acabe sozinha. Sabe, Miguel, eu estou meio triste... Acho que ser ninfomaníaca não é uma coisa legal. Mas você sabe, meu humor sempre melhora quando rola sexo. Tá, você sabe do que eu tô falando. Não é sexo literal. Esse negócio de converter tudo em sexo meio que deu certo pra mim. É a minha maneira de me sentir segura, de relaxar, e de descontar a minha energia. Sexo parece fazer tudo ficar melhor, sabe, amor?
     Amor, eu estou meio sozinha. Queria poder dizer que estou sozinha de verdade, mas não é justo. Apesar de sentir que todos estão sendo egoístas comigo. Ninguém me suporta. Ninguém aguenta minhas oscilações intermináveis de humor. Até meu slaaf  teve o momento dele de não poder falar comigo. E eu tenho sido bem insuportável com ele. Até hoje. Hoje eu fui uma linda. E tenho quase certeza que ele me adorou em todos os momentos em que eu estive com ele. Mas... Você sabe. Ele não é você.
     Me doi muito pensar que o único capaz de me "acalmar" não vai mais fazer isso. Eu gostava do cheiro dele. Gostava da temperatura da mão dele encostando em mim. E acho que gostava um pouco da proibição dele de fazer coisas comigo. Isso tornava o jogo interessante. Mas eu realmente vou sentir falta de certos momentos. Vou sentir muita falta. E todas as vezes que eu penso nisso me sinto desprezível por querer as mãos quentes dele em mim. Me sinto uma prostituta, uma ninfomaníaca, uma desalmada. Era tudo tão simples... Tem certas coisas que eu sei tornar simples como ninguém...
     Querido, meus olhos estão cheios d'água. Eu queria que ele fosse como você. Acho que eu nunca vou te encontrar por aí. Mesmo sendo uma escritora tão boa. Mesmo sendo tão cheia de mim. Estou um pouco desesperançosa com o amor. Não posso viver de desesperança... Não... Posso. Estou chorando, meu amor.
     Queria algo novo. Queria que os surtos parassem, mas não posso controla-los e não tenho no que pôr fé. Me sinto meio vazia, mas ainda espero que haja alguma coisa dentro de mim. Não sou boa o suficiente para ele, sabe. Para o endless screw. Talvez eu não seja boa pra ninguém. Ou talvez ninguém seja bom pra mim.
      Estou feliz de ter você aqui dentro de mim. Estou feliz de ler esses livros com tanta dedicação, com tanto "amor".  Mas não consigo deixar de ficar triste. O que eu faço agora? Se eu não posso fugir, aonde vou? Aonde posso ir se meus futuros são todos suicidas? Ah, querido... Eu te amo tanto. Pena que sua carne não está aqui pra acalmar a minha raiva. Pena que suas lágrimas não estão aqui pra me reconfortarem. Pena que você não está aqui comigo. Só dentro de mim. Estou só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário