sexta-feira, 26 de julho de 2013

Escrita vital.

   Escrever é se permitir ser quem deseja. É também ser quem não quer ser, e acha que é. Redecorar-se por dentro, se redescobrir, e perceber que o mundo é um pouco mais do que parece. Seja ele bom, ou ruim. Escrever é sobre se livrar de tudo que desagrada, revivendo tudo de maneira suportável no papel. Distante. Se afastar de todo mal e todo bem, até que seja seguro voltar para a realidade enfeitiçada. Escolher palavras é mais simples que escolher amigos, e solucionar complexos conflitos falsos ainda é mais fácil que encontrar o amor das nossas vidas. Escrever é amar-se e amar também a quem o lê. Mesmo que às vezes esse amor tenha um pouco de sadismo implícito. É eternizar-se para sentir um pouco menos a solidão permanente, que todos sentimos. Alguém também o sente. E dessa vez não choramos na cama, ou fumamos um cigarro. Escrever às vezes é homenagem, é tentativa de um futuro breve, ou um adeus necessário. Mas a mim, escrever é me salvar do precipício. É me relembrar de outras perspectivas de realidade. É talvez tentar manter um pouco mais do controle que eu perco de vez em quando, e também me fazer sentir mais real, na fantasia. Escrever se tornou a única coisa que eu realmente sei sobre mim desde muito tempo. Desde que tomei a verdadeira consciência de que eu existia, e precisava ser eu. Escrever é apenas tão fundamental quanto respirar.

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