sexta-feira, 12 de julho de 2013

Somewhere

     Aí a garota triste sai de casa sem rumo. Bebe até ficar tonta, e desesperada por afeto, ou como alguma espécie de válvula de escape emergencial, transa com o primeiro que aparece. Com esse e mais dois, ou três. Se sente estuprada no final e saboreia a sensação de ser um nada, um lixo.
     Então, ela se vai. Chega em casa e apaga no chão do quarto. Na manhã seguinte ela se lava e volta a ser quem era pouco antes de entristecer.
     Pouco tempo depois, ela descobre que está grávida. Pouco mais de um mês. Ainda dá tempo de um aborto. Não é permitido.
     Ela consegue drogas que prometem matar o bebê. Ele morre. Aliás, dois. Gêmeos.
     Ainda não podem fazer a tal curetagem. É provável que a denunciem por assassinato.
     Aborto não é permitido.
     O momento da tristeza retorna e ela avalia as possibilidades de suicídio e quais são as mais atraentes.



    E é esse o tipo de coisa que eu penso no banho. Ou olhando a janela do carro. Ou em qualquer lugar. Histórias felizes das quais eu sou dona. E mais ninguém.

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