sexta-feira, 13 de setembro de 2013

- Quanto tempo leva até você ir de novo?

   Ele voltou a me fazer essa pergunta. Já era de se esperar. Estávamos os dois nus na cama. Eu namorava o meu cigarro aceso e o consumia como sempre fiz com todos os meus amantes. Ele parecia invejar a minha nicotina, em dúvida se me pedia ou não um trago.
-  Esquece isso, amor...
   A fumaça foi saindo entre as palavras, eu sabia que seria inútil o que quer que eu dissesse a ele.
-  Quantas vezes você ainda vai me deixar até ir embora de vez?
   Sempre odiei essas certezas súbitas dele. Ele tinha uma certa dificuldade para confiar em mim às vezes.
-  Eu nunca vou te deixar de vez. Meu amor, eu volto sempre. Sempre vou voltar.
-  Por que mente para mim?
-  Eu não sou mentirosa. Todas as minhas incoerências são verdade.
   Resolvi apelar. Ele estava deitado me observando. Sentei em cima dele e ofereci um trago. Queria que ele relaxasse. Era nosso momento, sabe? Ele aceitou.
-  Sei dessas suas verdades.
-  Eu apagaria esse cigarro na minha perna, mas acho que você não está no clima...
   Olhei em seus olhos como faço quando quero hipnotizá-lo.
-  Não, querida. Agora não...
   Afundei suas unhas na minha coxa, apaguei o cigarro na beirada da cama. Ele gemeu.
-  Você me ama?
   Ele parecia não ter entendido muito bem. Esperei a resposta.
-  Amo... Claro que amo. Sou seu escravo, você sabe...
-  Meu escravo, é?
   Levei minhas mãos ao seu pescoço. Seus olhos se arregalaram um pouco. Medo. Ele sempre teve medo de mim.
-  É...
   Sua voz era tão baixa que eu quase não pude ouvir.
-  Então, querido. Quando a gente ama, a gente não abandona. Nunca. A gente só tira um tempo pra si mesma. Entende? Eu sempre vou voltar. Sempre. - segurei seu pescoço como um pouco mais de firmeza - Porque eu te amo.
   A essa altura ele já não estava em condições de continuar mais conversa nenhuma. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário