sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Estranho

   Estranho no meu passado tanto o bom quanto o mau. Estranho no meu passado você, e todo o amor insano que eu decidi ter por você. Estranho no meu passado toda a dor, e todo o desespero. Estranho as traições, as esperanças. Estranho essa emoção morna que chamam de nostalgia. Estranho cada música nossa, e cada suspiro, e cada lembrança. Estranho cada caminhada e todas as vezes que ouvi o som da sua voz. Estranho a expressão "eu te amo", e acho que todas as vezes que eu a disse foi mentira. É passado, é estranho, não tem como confirmar que existe mesmo. Estranho toda a paz que entrava em meus pulmões, límpida, com um efeito mais divino que qualquer droga poderia ter. Estranho pensar no que é inspiração.
   Estranho as noites mal dormidas, estranho os choros sufocantes, e estranho a fumaça rasgando meus pulmões, enquanto eu fazia o mesmo nos pulsos. Estranho cada história que você me conta, estranho cada risada, cada sentimento. Estranho até o que eu pensava, quem eu era. Ontem a mesma estranha de que me lembrarei cega amanhã.
   O passado é um poço de água turva e sensações extremas que muito raramente eu encontro no presente. É estranho até quando eu sinto de novo. Sou ancestral de mim mesma, e vivo a tentar me fazer entender que mesmo estranho, todo o antes aconteceu. E não me deixar levar por sentimentos falsos do passado. No hoje só sinto: estranho. Vou fugir de novo a essa estranheza elaborada, e montar passados para o não-tão-breve futuro. E será tudo estranho de novo.

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