sábado, 27 de fevereiro de 2016

A pele e as citações

Não há beleza
Nessa coisa que eu te escrevo
Nem na nossa estranha relação
Que de repente
Me parece absurda
Como se eu nunca tivesse
Tido tempo de ir perguntar seu nome
Quem você pretende ser?
É ridículo
Como você fala sobre mim
E em seguida finge
Forja o endereço
Pra qualquer outra pessoa
E é inaceitável
Essa sensação constante
De estar ficando louca
Por essa fixação que tenho
Em tuas palavras, saídas de tua voz
Quando você surge
Quando reluz nas pontas
Feito armadura de prata
Há uma tristeza que se engole
E uma raiva que se consome
Dentro de mim
Eu sei que há no amanhã uma morte
Das mais suaves mortes
Que já testemunhei
E teu nome vai desbotando
Cada vez mais
Quando escorre entre as chuvas de março
Dissolvendo a esperança
Que carrega o meu verão
Você fala comigo
Como se um dia tivesse me olhado
Você não enxerga
Eu vivo num mundo distante demais

Meus olhos pesam
Enquanto você reescreve um texto qualquer
Carregado de mim

Esses resquícios
Que comprometem toda a minha verdade
Me deixam mais dopada
Que qualquer droga

Eu quero
Você

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