Ela deixa os cotovelos pesarem sobre o mármore da janela. Observa a
lua. Suas unhas vermelhas harmonizam bem com o cigarro aceso entre os
dedos. Ela dá uma tragada um pouco mais longa.
- Amor, vem pra cama. Vem aqui ficar comigo.
Ela prende a respiração por alguns instantes e expira a fumaça devagar.
- Não.
- Turrona. Por quê?
- Não tô afim.
Ele levanta da cama seminu e se aproxima dela pelas costas.
- Que houve?
- Não houve nada. Só me deu vontade de pular.
Ela resolve sentar no mármore da janela. Nua.
- Você não vai pular, não é mesmo?
- Não...
Ele a envolve pela cintura. Ela respira fundo e fecha os olhos. Dá outra tragada forte.
- Vai me dizer o que houve?
- Para de me provocar...
- Provocar? Mas que pervertida!!
Ele aperta os braços em torno dela. Ela geme soltando a fumaça novamente.
- Não houve nada...
A voz dela é fraca.
- Claro que houve.
A mão dele desce até a coxa dela.
- Desde quando eu preciso de motivo pra me estressar?
- Desde... Nunca.
Ele aperta as duas coxas dela com força. Crava as unhas. Ela geme um pouco mais alto.
- Depois eu que sou pervertida...
Ele leva a mão até a mão dela e toma o cigarro.
- Você devia parar de fumar.
Ele apaga o cigarro na perna dela. Ela grita, aperta as pernas contra a parede. Segura os pulsos dele com força.
- Filho da puta.
- Mas o que foi que você disse?!
Ela solta os braços dele e se levanta da janela. Pega o cigarro da mão dele e busca o isqueiro para reacender.
- Você ouviu.
Ela acende o cigarro e joga o isqueiro no chão, se sentando na cama. Dá outra tragada, olhando-o nos olhos.
- Você queria que eu abusasse de você hoje, não é? Mas eu não quero. Me dê esse cigarro.
Ele toma o cigarro da mão dela novamente e dá uma tragada tão forte que começa a tossir.
- Ei!
- Feliz agora, meu amor?
- E você já me viu feliz, por acaso?
Ele joga o cigarro no chão e apaga com o pé. Depois se deita na cama ao lado dela e a abraça na altura abaixo do busto.
- Você fica feliz por minha causa. Eu sei. Você não precisa admitir.
- E você me ama. É louco por mim.
- Claro que eu sou. Depois você me conta o que houve.
Ela ri.
- Você tá de pau duro.
- Você tá nua.
- Pirracento.
- Teimosa.
- Te amo.
- Também, querida. Eu também.
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