segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Sei lá o quê doce

     Olá, doçura. Como vai você nessa noite sem lua? Pois a janela fechada não me permite voar, ou ver. Como vai nessa noite vazia de orgasmo ou companhia, vazia de tudo, cheia de nada? Estou só novamente. E o que há de novo, querida doçura? Há você? Mas você sempre houve, todos sabem. Todos eles. E por essa razão permanecem tontos, fracassados e perdidos. Talvez uma metralhadora num salão coberto de diamante. O que resiste? Talvez estar aqui no centro não seja o privilégio. Talvez não seja tão divertido atirar. Mas não é mais uma escolha, é uma necessidade. É sobreviver. Mas de que vale o tiro se nem tudo que me fere é o que eu fiz? De que valem as palavras e os orgasmos se meu corpo permanece só? E minha mente? Queria fugir desse lado psicótico, neurótico que atormenta e desvia. O tom certo da compreensão demonstra o descaminho do tiro do episódio seguinte. E as gavetas e as portas se fazem ausentes perceptivelmente. Num canto qualquer, açúcar. Açúcar puro, sem química, sem conservante, sem branco. Cana-de-açúcar. Coisa primitiva, coisa honesta, coisa surreal. Passado. Encantamentos soltos perfurando o nada. Encantamentos vistos, descobertos, e certamente incontidos. Novamente o nada. E o tudo. Ah, amor, o tudo. E já não sei que tiro dar. E qual seria a direção? O tudo e o nada me devoram. E já não há mais razão. Por que razão? Pra quê? Mas e o agora? E quanto ao segundo? Já não sei. Já não sei de nada (ou já não sei de tudo). O agora indefine. Porque presa e perdida entre o açúcar e o álcool. E quanto ao café? Pareceu uma boa saída, mas o que aconteceu com o café? E quanto ao chá? A libido devora o momento-chá, e se devora e me deixa desatinar do estômago, sentindo minha boca corroer. Por quê? E o buraco, e o vazio. E aquele rasgo que fica do que já não é, e do que é e porém não agora. E o remendo que não vem e nem mesmo tem de onde se fazer. E a essência, e o sabor. A sensação. O não sentir se mescla com os muitos sentidos em memória que desnorteiam. Bom, querida, acontece. Sufocada no não e sim. Sufocada na companhia e na descompanhia e na espera de quem não vem. Sufocada nos que se aproximam depois de esforço e dos que necessitam estar ali. Sufocada com todos. Desejar os novos caminhos abertos, e nós sabemos do que se trata. Rubros caminhos. Rubras intenções. Rubra alma e negros olhos. Palavras coloridas e com luz. Nada correto, nada exato e desequilíbrio. Talvez melhor compartilhar o sei lá o quê mais uma vez. Correr. Tentar? E o? Cama, doce, cama. Apagar os sentimentos, acender o falso e embalar. Porque perdida entre palavras antes que entre sentimentos. Porque perdida entre sentimentos porque palavras usadas. Porque sei lá o quê. Porque doce. Porque não. Sei lá por quê.

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