quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Na falta, violação.

   Boa noite, lua. Como vai você? Não anda muito sozinha? Ela tem vindo te visitar? Acho que ela andou ocupada, acompanhada, sabe...? Mas eu entendo. Entendo ela e te entendo também. Talvez ela te faça falta como me faz às vezes. Bom, querida. Hoje vim te confessar uma coisa. Não é algo que a maioria das pessoas chamaria de boa notícia. Hoje eu fui estuprada. Sim, eu fui estuprada, querida. Eu deveria dizer que foi frio, mas não. Que frio me excita e foi bem quente. Quando terminou eu estava dolorida e morrendo de calor. De fome e sede também. Me arde por dentro querida, sensação que você desconhece. Mas o calor talvez lhe seja familiar. Não houve toques, fui atingida muito facilmente. Foi bem rápido até. E a dor passou depressa. Foi uma boa sensação, até. Me senti capaz e resistente. Claro, senti um pouco de nojo. Não tive coragem de degustar. Não, não, não. Hoje não, querida. Hoje fui um pouco mais fraca. Para ser forte, talvez. Mas o que me incomodou, além do calor, foi a carência. Essa tola que não me deixa em momento algum. Ela me fez querer ser beijada, tocada, amada. Nem que por pouco. Ser estuprada me faz querer amor. Assim como terminar um oral. É estranho esse instinto. Eu acho, pelo menos. As pessoas podem achar isso normal. Desejei chorar no colo de alguém, reclamando baixinho de dor. Quis estar acompanhada. Me sinto tola por querer alguém. Quis me machucar um pouco mais, meu masoquismo reina. E o espelho me olhou com desgosto, deboche e asco. Não foi uma boa sensação. Nem do meu estômago amarrado em si próprio. Maldito nó. É estranho lutar por amizades. São estranhos esses princípios e objetivos. Minha essência é confusamente estranha. Não foi estranho quando entrou em mim, não foi. Foi asqueroso e me fez sentir forte. Mas e depois? Por que tudo tem que acabar? Minha amiga lua, me faz companhia hoje. Embala meu sono solitário. Hoje eu preciso descansar...

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