quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Quem

Eu escrevi teu nome.
Pela primeira vez,
Desde que fui chamada pela minha mãe
Para entrar em casa
e comer uma fatia de bolo quente,
Um nome era bonito.
O seu.
Não fazia sentido.
Não precisava.
Eu insistia em coisas
Tão absurdamente abstratas
E pensava
Que você nunca seria
Capaz de me entender.
Eu falei teu nome
Um dia, triste, para o mar.
Sussurrei no vento
E você voltou pra mim.
Me amou de volta.
E havia tantas coisas
Que eu não precisava pedir,
Que eu não precisava dizer,
Que eu mal precisava pensar.
Você veio
E ficou.
Eu agradeci.
A você, aos céus, a deus
E a mim também.
Às vezes, quando menos fazia sentido
Mais certeza eu tinha
De que tinha chegado em casa
Quando li teu nome
E me ouvi pronunciando-o pela primeira vez.
Um dia você disse que me amava.
E meu nome também ficou mais bonito
Do que era quando minha mãe me chamava
Depois de uma tarde de brincadeiras
Que eu queria que nunca terminasse.
Havia um milhão de outros dias
Para ser feliz.
Mesmo sendo eu,
Com esse meu mesmo nome.
Agora você tinha nome também.
Eu não estava só.

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