sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

José

Vou me pregar no concreto do teu quintal.
Pedir perdão à minha mãe por ter perdido o avião.

Vou abraçar aquela árvore, em frente à tua casa (que nos assistiu conversar em sussurros),
Até que eu me torne ela.
Só para estar bem ali, próxima a você.
Esperando você ventar.

Vou viver do sol e da chuva.
Sem comer, ou dormir.
Vou viver do que você quiser me dar.
Só para te ter por perto,
Sempre.
Uma vez por dia, ao menos.

Às vezes eu quero só ouvir tua voz.
Só.
Horas a fio te ouvindo falar sobre o tudo e o nada da vida.
Sobre o dia, sobre as tuas ideias,
Sobre todas as bobagens do mundo.
Te ouvir falar.
Quieta, recolhida.
Como o caderno no qual você escreve.

Virei um cachorro, eu acho.
José, apertado naquele canto escuro. Molhado.
Eu tô com medo de ir pra longe de você.

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