quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Verdade

Voltei. Fingi que não doía, mas doeu.
Mais que doer, morreu.
Morreu e morreu quem eu era quando estava lá.
Porque não era só você.
E não eram os dois.
Era o barulho na casa, a bagunça na cama
E o calor suportabilíssimo.
Porque eram amigos que cantavam,
E lugares inesperados,
E até a melancolia de lá, que era melhor.
Era a noite refletida no rio sujo, que embelezava tudo.
E aquele balançar diário da espera nos bancos de trás.
Era deitar de camisola e conversar sobre a existência humana,
E pela manhã já nem ligar pro próprio nome.
Era sentir que até odiar as coisas era bom.
De uma maneira muito estranha, certamente.
Cheguei aqui e não sabia que lugar era este.
Não sabia quem eu era.
E percebi mais do que nunca, o tamanho da ausência que me cerca.
Falo sobre a minha terra do nunca muitas vezes por dia, ainda.
Estou tentando pertencer aonde eu moro.
Eu não queria senti-lo tanto, desse tamanho, dessa forma.
Talvez até pra não te incomodar.
Então estou mentindo toda hora.
Pra daqui a pouco já não doer mais
A saudade,
Que me aperta agora.

Eu queria voltar mas também há algo que me expulsa daí.
E eu preciso saber quando ficar,
Recolocar meus pés no asfalto quente.

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