sábado, 12 de dezembro de 2015

Como borboletas viram lagartas

Lá vem ela
Você não a conhece
Não sabe seu nome ou o que ela pretende
Ninguém sabe, nem mesmo ela
Alguma novidade, talvez
Ou uma boa história pra contar
Lá vem ela
Sacudindo os braços e cabelos desgraçadamente
Praguejando vida como se fosse uma assombração

E lá vai ela
Num instante ela já te disse seu nome
E seus três enormes traumas mais recentes
Lá vai ela
Rebolando inerte pelos cantos
Provocando caos e rindo feito um demônio

Mas ela vai voltar
Ela vai voltar e te pegar
Como se não houvesse nada melhor
Pra fazer na vida
Como se fosse uma espécie de despedida
Do mundo dos mortais

Ela vai te rondar
E depois de uns poucos gritos
Você vai pertencê-la
Mesmo sem compreender sua semântica
Ou sequer se interessar

Palavra por palavra
Você não vai entender
Nada do que ela diz
E quando ela começar a falar
Sobre como lagartas viram borboletas
Você vai descobrir
Que está na hora
E então vai partir
Para todo o sempre

Ela vai tentar mais uma vez
E como é de se esperar
Não vai dar certo
Porque pessoas como ela
Só se conhece uma vez

Até que ela mude de nome
Ou morra de uma vez por todas

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