terça-feira, 14 de junho de 2016

Machine

Levantei-me da cama.
Não queria enfrentar o dia,
Não queria enfrentar minha semana.
Estava frio demais
E minhas mãos tinham virado
Pedras de gelo.
Eu resolvi te escrever este apelo
Porque queria, pelo menos, conversar.
Uma blusa de manga comprida,
Cachecol, camisa colorida
Calça e sobretudo.
Eu quase não sentia o meu nariz
E o absurdo
Era que eu devia amar o frio.
E eu amava.
Mas onde estava você?
E estava eu incomodada
Mais uma vez
Não com a solidão dos dias
Ou com a tua ausência cortês.
Eu era desânimo
Porque não podia
Sentar ao teu lado
E trocar umas palavras.
A agonia
De quem quer sentir um pouco de calor.
Queria o meu cobertor de volta.
Eu não sabia
Por que escrevia esse texto.
Como tantos outros,
Uma narração vazia
Sobre como é difícil acordar toda manhã.
Não era excepcional
A minha desmotivação.
Talvez fosse um pouco extraordinário
Amar você.
Mas acho que eu ainda era eu,
Apesar de tudo.
Me levantando da cama,
Escrevendo sobre isso
Insatisfeita
E concluindo o texto
Exatamente como comecei:
Despropositadamente.

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