sábado, 4 de julho de 2015

Perto do portão do prédio

Há um velho sentado
Na calçada
Conformado
Com a decomposição
Do seu amor
De tantos anos

Há um louco
No meio da rua
Batendo palmas
Para uma moça
Que se diz
Maria Antonieta
Na ponta dos pés
Dançando
No meio da praça

Há um cachorro
Deitado na cama
Há semanas
Com o pelo embolado
Faz tempo
Que ninguém
Lhe dá um banho
E se enrola
Na coberta
Solta
Seus ganidos
Matinais
Porque
Não sai de casa
Nem do quarto
Come ração
Petiscos
Come a comida alheia
Sorteia
Algum troço
Pra lamber
E outro pra rasgar

Nenhum comentário:

Postar um comentário