sábado, 2 de maio de 2015

Codificação

Procuro o meu passado, perfuro
Talvez algum evento ignorado
Seja capaz de explicar o que acontece agora
Você não entendeu nada
Nem eles
Ninguém entendeu
É uma imensa tortura à pessoa
Que se expressa com tanta desenvoltura
E necessidade
Ser de repente atada
A ponto de sonhar com a falta de voz
Com a impotência física
Com o desespero do interno apenas interno
Não é pra mim
Você não entendeu nada
E não importa o quanto eu explique
O silêncio sempre vai dizer mais
Você não entendeu nada
E eu preciso fingir que sou quem eu era
Não sou
Eu sempre mudo de uma semana pra outra
Não há retorno
Só doi
Você não vai entender nada
E eu vou continuar cantando
Meus versos fúnebres
Até não cantar mais
E você ainda não terá entendido nada
Porque o sentido nunca foi esclarecer
Era sobre existir, sempre foi
Existo agora num sufocamento solitário
A espera permanente de estar à deriva
Frente à tempestade marinha
Querido incompreensor,
Não adianta me ver de fora
E fazer perguntas
O que pode fazer sentido
Não vai me alcançar.
Exista.

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