sábado, 30 de maio de 2015

Paredes brancas, não verdes

Você vai embora
E eu me torno o lixo do lixo
Na dor e no precipício
Meus textos já não fazem sentido
Se eu não me desesperar
Para sentir o gosto da tua pele
Cadê aquela tua navalha
Que me fere?
Já não posso me pintar de sangue
Não há mais espaço
Não há mais tempo
Não enquanto você surge
Com esses versos mórbidos
Ou religiosos
Às vezes ambas as coisas
Assim não.
Me disseram que amor
A gente aceita
Seja como for
Então isso não é amor
Não é, nunca foi
E eu também nunca fui amada
Nem de longe
Eu nunca pude ser eu, realmente
Não existo perto de você
Aí, apenas te sou.
Com todos os nomes
E sobrenomes
E diferentes línguas e promessas
Mentiras e mais mentiras
Um infinito teatro
É a nossa brincadeira
Era, sempre foi
Não quero mais
Se eu ao menos coubesse na tua cama
Nos teus pensamentos
Na tua vontade
Ou no teu futuro torto
Existe mesmo um futuro
Nas coisas que você recita?
Talvez eu seja muito grande
Ou muito líquida
Talvez eu escorra ralo abaixo
E não tenha mãos para me segurar
Em um lugar visível
Você também mente
Quando me fala do meu talento
Talentos não existem,
Apenas sorte
Não tenho sorte se não te tenho
Faz parte abandonar o egoísmo
Para te abandonar também
Só existe alma nos meus textos
Quando me permito doer
Da tua ausência
Quando grito teu nome
Para toda parede vazia
Ou saturada de tanta reclamação

Nenhum comentário:

Postar um comentário