quinta-feira, 31 de março de 2016

O alimento

Eu você e um frio
Em qualquer lugar do mundo
Sem roupa, sem documento
Sem limite e sem tempo
Recitando poemas
Para nunca esquecê-los
Eu e você
Em um lugar
Onde eu queria crescer
Eu e você deitados
De lado, de pé
Encostados no tronco de uma árvore
Rindo muito de entrar na água gelada
Eu e você e mais nada

Eu sei que eu vou me achar ridícula
Quando acordar de manhã
E dar de cara com essas palavras vãs
Cheia de amor e de vontade de ser feliz
Mas hoje eu tô aqui

Hoje eu te amo
Hoje eu te quero
Na minha boca
No meu cheiro
Na minha pele
No meu cabelo
Te quero em mim
Como me sujasse
Com todo o teu existir
Quero você aqui
Pra poder te dar
Todo o meu êxtase
Em te desejar
Para ser livre e rir contigo
Até chorar
E te mostrar alguém
Que nunca ninguém viu
Que mora em mim
Desde que te conheci

Quando te vi
Quando te li
Uma parte de mim floriu
Sabia, você também me era
E até as sombras que você formava
Eram formosas

Eu queria poder te tocar
E sei que quando eu levantar
Já terei esquecido disso
De agora
De como eu te quero agora
Sem pestanejar
Mas o melhor de tudo
É que eu vou me apaixonar de novo
Por você
Eu sei
Mais uma, duas, três
Nunca vou te amar de uma vez
Porque eu sou toda em pedacinhos
E é isso que me faz tão imortal
(Eu só queria que você comesse
Todas as minhas fatias)

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