terça-feira, 29 de março de 2016

"Though it may look like - write it! - like disaster"

Me escreve um sexo circunscrito
Na minha vontade insana de te tocar
Me mostra como eu não te amo mesmo
Como seu nome é estranho
E eu não aguento te amar
Me apaga mais um cigarro
Na metade
Pra provar que não quer mais aquela vida
Faz dois dias, quase ontem
Quando a gente ainda queria se matar
Finge comigo agora
A noite toda
Que nunca pensamos nisso
Que somos outras pessoas
Que eu te valho alguma coisa
E vou saber como aceitar um beijo teu
Pinta mais uma palavra roxa
Naquele teu scrapbook estranho
Fluorescente, escuro
Me mostra como você quer ser bom
Pra eu dizer que tanto gosto
De você e dos teus versos
De fama e morte, de sexo
(porque você no fundo sabe
que eu vou gostar)
Me fala um pouco mais dos teus amigos
Sem perceber o perigo
A minha falha, o meu grito
Como tudo está perdido dentro de mim
Fica aqui, como se importasse
Como se você aguentasse
Realmente viver perto até o fim
Vira uma garrafa, fala da fumaça
E da dança sobre o colo
Fala dos lábios marcados
Como eles me falam das drogas
Como ela surge do nada
Me fala da maçã envenenada
Que eu invejo a Eva
Porque queria uma vez
Ter sentido o gosto
Me faz um charme, me conta mais
Mas você sabe
Que nada me satisfaz
E deve reconhecer
Que quando eu acordar pela manhã
Talvez na tua cama, pode ser
Talvez com nossos filhos, vai saber
Eu vou te olhar
E respirar bem fundo
Até onde meus pulmões forem capazes
De aguentar o cheiro do teu ar
E eu vou te odiar
E vou gritar e derrubar
Tudo que estiver no meu caminho
Se for você e o nosso ninho
Tanto faz
Você disfarça
Finge que há esperança
Que nós somos amigos
Partilhamos confiança
Mas me conhece e sabe
Que a maldade tá nas mesmas palavras
Que transbordam amor e liberdade
E se não souber, é tarde
Porque nada do que eu fizer
Vai acabar bem
E se você ficar
E eu aprender a te amar
Você vai acabar também

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