domingo, 6 de março de 2016

Ficção

Eu me toco
Com filmes e discursos
Com a sua voz na gravação
Com uma chuva lá fora
Nada faz sentido
Eu só preciso
Quando eu sinto demais
Demais, demais
Eu sinto tudo
E então eu tenho que sentir
Cada vez mais
Dentro de mim
Na minha alma
No tremor da minha pele
E na agonia do calor
Eu preciso ser o desespero
De quase alcançar a queda
De quase debater-me
Do outro lado
Do lado em que os mortos vivem
Revivendo a sua dor eternamente
Entre tudo que não existe
Nas coisas que não são ditas
Mas que moram barulhentas
Dentro de mim
Eu preciso aceitar
O que não digo
E provocar
Essa mudança selvagem
Na realidade
Eles me chamam de louca
Os seres, os livros e as vozes
Mas nenhum deles sabe
Onde eu realmente estou
Então me toco
Para provar que eu estou lá
Quando ocasionalmente
Me deparo com este evento

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