segunda-feira, 8 de junho de 2015

Ensaio do não-amor

Eu sinto muito.
Queria que não tivesse sido
Desta forma.
Queria não ter escutado
Tuas mentiras.
Queria não ter me decepcionado.
Porque neste caso, ainda te amaria
Como amava no ano em que
Nos encontramos.
Não doeria,
Eu seria capaz de te salvar.
Mas tu buscastes caminhos
Mais confusos.
Ainda acredito numa alternativa.
Eu tenho fé
Em coisas que você
Não entenderia.
Ainda acho que te posso colocar
Na minha realidade
Pré-concebida.
Ainda acho que posso
Te resgatar
Dessa cegueira branca.
Como é possível assassinar a crença?
Com doses
E doses enormes
De traição?
Não teve efeito.
Talvez leve tempo.
Não sei se carrego
O tempo que me exige.
Talvez eu me decomponha
Ainda antes de alcançar o chão.
Talvez eu abra o meu peito
Para acomodar a tua breve morte.
Insistente ida.
Talvez eu deva me pôr de pé
Outra vez.
E atacar e atacar
Até que tu sangres
Frente à minha luta.
Quis defender sobretudo
Quem tu eras.
Tu e apenas tu.
Não queria que inventasse gestos,
Danças, fantasias.
Queria acariciar tua face feia.
Estás matando a ti mesmo.
Eu sentirei falta.
Provavelmente
Continuarei tentando
Te arrancar
Desse fim de poço,
Que tu pintas de paz
Com a moça insana.
Ela não te ama.
Eu sim.

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