domingo, 7 de junho de 2015

Prólogo ou Epílogo de Alice

"Quem és tu, afinal?"

"Não sou."

"Então não existes?"

"Não como eu, não. Apenas vivo.
Respiro e tento me satisfazer.
Mas, ser, não sou.

Não há identidade que me caiba, dona lagarta."

"Mas, Alice..."

"Um nome é apenas um nome. Não significa."

"Desta forma, os meus dez centímetros não diferem dos teus."

"De maneira alguma. A efemeridade das coisas é tão imensa, que já nem faz sentido dar tanta importância a algo tão banal quanto uma identidade."

"E como escolher um caminho sem uma identidade?"

"Aí que está. Não é preciso escolher um único caminho. Assim como a sua forma, todos os caminhos são mutáveis. Não é preciso ser para agir. É preciso querer."

"Nunca será possível querer uma única direção."

"E não é necessário. Desde andemos para algum lugar. O movimento causa a ilusão de existência. É disso que eu preciso. Creio que precisamos todos nós."

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