quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O caos e a fala

Agulha no ponto.
Não costura,
Só fura o tecido.
Por quê?
Não abre o berreiro.
A vontade é grande,
Mas não consegue.
Não vê
Que o caminho da dor
Não é sacro?
Pinta um telhado,
Estrelado,
Paredes sem porta,
Três traços
Pousados no fio.
Não sabe
Que a dor não flutua.
Cultua
A maldade,
Entre todas as coisas.
Mente, ressente.
Enxerga verdade
Nos livros e filmes.
Só vê liberdade
Nas cordas e cortes.
Só vê liberdade
Em poemas de loucos,
De outros.
Não entende
A beleza da coisa
Ou percebe
A leveza do sempre.
Persiste,
Degrau por degrau,
Na queda.
Sossega,
Sem aviso prévio
Ou regrinha.
Está sempre sozinha.
Não vai ou retorna.
Se odeia, já ama.
A cama
É quase um palácio
Demente,
Que nunca desaba,
Mas sempre ameaça.
A graça
Do que nunca rende,
Conversa, lambida no rosto,
Remessa de beijos e abraços,
Está sempre fugindo o trajeto.
Não agrada
E por isso insiste
No céu e no mar,
No ar e no inferno,
Nesse marasmo eterno,
No incessar do impacto.
Pactualmente,
Retorna ao ofício.
Ignora a falha,
Aceita o sacrifício.
O amigo dizia
Pra não agitar a madeira.
Teima, acaba com a paz
Derradeira.
Sem eira nem beira,
Sem flor e
Também sem raiz.
Se afasta,
Se agarra com os dentes
A medos recentes.
Confessa ao seu servo:
Só quer ser feliz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário