quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Boneca em mil caquinhos

Rosa disse:
Não sei amar
Assassinaram minha alma
Crime hediondo
Não conheço sentimentos abstratos
Fui autista na infância
Rosa pergunta:
A dor é o teu caminho para o sexo?
Rosa disse:
Pulo etapas de relacionamento
Quero foder
Desconheço
A barreira que existe
O afeto
Rosa admite:
Sou boneca quebrada
Sem nunca dizer direto
Mas é verdade
Sempre sou e sempre fui
Criança perdida
Reprimida
Desesperadamente carente
De atenção
Rosa diz:
Estou presa
Do lado de dentro
Ou do lado de fora
Pintei a casa que sou
Ninguém me mora
Rosa diz coisas que doem
Em toda parte
Rosa diz coisas tristes, tão tristes
Rosa quer o meu bem
Não mais me elogia
Fala verdades
Eu falo de fatos, não de sentimentos
Talvez seja esse o meu talento
Em vez de dizer como me sinto
Ponho os elementos sobre a mesa
Quem chega, encosta, sente
As coisas como eu sentiria
Não preciso dizer como é
Quem esbarra, sabe
Rosa me diz
Que eu tenho um problema de verdade
Eu tenho tanto medo
A minha solidão é tão imensa
Fica tudo acumulado aqui dentro
Eu tenho cura, Rosa?
Eu tenho cura?
Quem vai me ensinar a amar, Rosa?
Eu não te falei sobre Peter
Não importa
Eu preciso de ajuda
Eu preciso ser salva
Ninguém vai me consertar, Rosa
Não se cola bonecas de porcelana
Porque elas sempre tornam a cair no chão
Me sinto triste
Triste, triste
Mas não sei sentir
Não é, Rosa?
Acho que eu quase não sou humana
De tão deformada
Não sou flor,
Não sou ninguém,
Não sou nada

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