quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Amar-te como Lílian

Pudesse eu abrigar-te no meu peito,
A salvo de todas as maldades
O faria
Sem nada pedir em troca
Sem jamais me incomodar com a tua presença
Sem jamais enjaular-te em meu apego
Pudesse eu amar-te de forma concreta
E proteger a tua pele de cada estrago
Cada amassado, risco, cada dano
Pudesse eu te afastar de cada desengano
Não esperaria a hora de fazê-lo
Traria-te comigo coberto
Todas as vezes
Levaria em teu lugar
Todas as flechas

Mas, não posso
Não posso ser teu deus ou tua rainha
Não posso impedir jamais que o mundo te toque
E às vezes arranque pedaços
Tu pertences ao perigo do mundo
Como eu pertenço ao nosso perene encontro

Então apenas me cabe minimalizar os resultados
Hei de amar-te todos os dias
Hei te envolver-te com meu escudo sem nome
Hei de ser também tua filha,
Esposa, amante, namorada
Hei de ser a tua mãe e a tua casa
Hei de ser nos dias teu sol, nas noites a lua
E na excepcionalidade dos momentos
Hei de ser a chuva a apagar o fogo das catástrofes

Te amarei de todas as formas que me cabem
Em forma de puta ou fada
Em forma física ou inanimada
Serei então teu anjo, e o lápis entre os dedos
Partilharei contigo todos os segredos

Hei de acima de tudo
Ser fiel a tudo que nos for necessário
E por tijolos onde excederem espaços
E capinar os matos selvagens que os ocupam
Hei de reformar-me todos os dias
Para ser tua, sempre tua
Para permanecer em tua vida

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