sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Safe place

Eu preciso
De planos estúpidos para o futuro
Que nunca vai chegar a acontecer.
Eu preciso
De uma cumplicidade ingênua:
Partilhar hipóteses,
Criar refúgios,
Semear matos, flores, árvores
Na minha espécie de lugar seguro.

É ele que agride
A minha flora e fauna fantásticas.
São eles que não entendem
Quem eu sou.

Ou pelo menos não se importam.
Por que alguém se importaria
Com a minha verdade,
Com a minha fantasia?
Por que alguém compraria
As minhas mentiras coloridas?
Todas em vão minhas tentativas.

Eu vou e venho de buracos de coelho,
Tocas de Alice, Terras do Nunca,
Mundos maravilhosos.
Eu preciso disso.
Sem esse brilho encantado,
Vida nenhuma vale a pena.

Eu quero brincadeiras,
Quero falar da minha infância,
Quero chorar com bobagens,
Quero pensar na minha casa
E nos meus futuros filhos,
E no aborto a caminho,
E no dia que vamos dominar o mundo
Ou até dormirmos juntos.
Eu quero pensar na culinária conjunta,
Nas histórias contadas,
Na convivência sublime.
Eu quero um mundo
Onde eu possa consertar os erros deste
E fingir que eu sou feliz com maestria.
Eu só quero fingir que sou feliz
E tenho companhia.
Não tem ninguém pra brincar disso comigo.
Ser filha única é uma bosta.

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