sábado, 14 de novembro de 2015

Vulto

Meus dedos ainda tremem
Quando tu escreve textos
Me pergunto se são meus
Busco deslizes, atos falhos
Busco pra matar meu narcisismo
Outras pistas
Que indiquem o seu destinatário
Meu coração ainda acelera
E meus olhos ainda se perdem
Mesmo que eu nunca te reencontre
Mesmo que eu nunca acabe contigo
Mesmo que eu não te reconheça
Em lugar nenhum
Eu perco meus movimentos
Minha fala
Minha força de fazer qualquer coisa
Minha fome
Meu sono
Tudo
Eu ainda me perco
Quando você fala
Eu ainda quero me matar
Quando você cala
Eu sou tão absurda e patética
Eu sou tão desprezível dialética
Eu deveria ir embora, mas não vou
Não abro mão dos teus discursos estúpidos
Abro mão do teu carinho
Já que tuas mãos enfermas
Não o permitem
Abro mão de teus beijos
De teus contratos
De tuas verdades secas
Ou mentiras peçonhentas
Abro mão de todo o resto
Mas não das palavras que me dobram as pernas
Que me falham a voz
Que me deixam lenta
Não supero teus textos
Quem é você?
Eu sou louca
Quem é você?
Estou fraca
Nem consigo ler
Quem é ela?
Quem é você?

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