domingo, 29 de novembro de 2015

Por todos os textos que você não teve a oportunidade de ler

Pelos textos que te escrevi,
Faço este resumo.
Desde os brados narcisistas de morte
Ao erotismo lírico fracassado.

Entre os textos que te escrevi,
Deixei tanto as falhas da minha pele
Quanto as minhas esperanças ridículas.
Você nunca realmente esteve no meu passado.

Então, em ordem cronológica,
Eu relembro o sexo baldio,
O coro de marchas a favor da guerra
E a espera pelo apocalipse.

Por conseguinte, eu recordo
Os diálogos breves em tom natalino,
A displicência lúdica da juventude
E o silêncio sobre o período anárquico da alegoria.

Eu continuo, repasso
Os retornos indecentes
E a ausência perene,
O fascínio lascivo
E a psicopatia lancinante.

E é preciso recitar
Dois sórdidos segundos,
Nossa miséria exibida em toda a extensão.
Ambos desumanamente atados,
Como pudéssemos desvanescer a solidão.

Nunca poderíamos,
Não nós.
Quaisquer outros dois,
Não nós.

Entre duzentos
E cinquenta e quatro,
Ainda contando,
Eu esfolo tudo que já me excedeu
Em forma de identidade.

E onde tu te arrastas,
Raramente sóbrio,
Estou.

E onde tu me arrastas,
Eu certamente caio,
Estou.

E em tudo que faço,
Vejo, amo, temo,
Ou sequer condeno,
Estás.

Se fossem eles
Duzentos e cinquenta
E cinco,

Fossem mil não lidos,
A tua ausência
Não diferiria em nada,

Ainda serias
Infinitamente eu
E eu, tu,
E seríamos
Agonizantemente infindos.

Amar:
Incomensurável,
Ininterrupto,
Infinitivo,

Tal qual a morte
E a literatura.

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