sábado, 4 de abril de 2015

Cinco minutos aqui

Se eu te dissesse
"Aqui",
Tu acharias longe
E começaria a morte de nossa conversa.

Eu digo aqui,
E enquanto a conversa morre,
Eu resolvo te escrever
Alguma coisa que valha
Os cinco minutos perdidos.
Cinco minutos hoje em dia é uma eternidade.

Sobre a vida,
Não é só o amor e companhia,
Não é só saber o que fazer ou ter motivo,
Não é só ocupar-se através do tempo
(que nunca sabe passar direito, no ritmo do relógio).
A vida é o existir que você consegue se doar.
Seja em melancolia ou gozo,
Vindo de qualquer canto.
A vida, que a gente nunca escolhe aceitar de fato,
É resolver criar coisas
Sem razão alguma.
É aceitar a falta de razão nos fatos
E se permitir viver os imprevistos.

Sobre amor,
Nem sempre é tudo que a gente espera.
Há amor na padaria.
Há amor numa conversa tosca.
Amor não precisa ser aquela bendita falta de futuro.
Solidão não precisa ser o nosso nome.
Também há amor na falta de tato,
E em qualquer gesto que venha de um outro.
Não é preciso fugir de tudo que toca.
Não é preciso doer tudo que dá vontade.

Sobre morrer,
Mesmo que faça sentido sempre,
Não é útil à sobrevivência
Deixar que tal pensamento seja dono de todos os dias.
Há uma lógica por trás dessa aceitação,
Mas ela não te salva do incômodo rotineiro.
Busca guardar num vaso
E jogar terra por cima.
Planta alguma coisa que te distraia desse lado de ti.
Você sempre pode quebrar o vaso.

Não desiste.
Se o pranto não termina,
Ainda dá tempo
De querer a tua paz.
Se a conversa ainda não acaba,
Só mais cinco minutos
- outra eternidade -
Pra eu tentar mais uma vez.
Fica.
Eu te entendo em desgosto e falta.
Eu fico em silêncio se for necessário.

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