quinta-feira, 16 de abril de 2015

Monstro da insaciedade

Fiz um corte bem fundo.
Queria te contar,
Mas não o fiz contigo,
Nem para ti.
E, no fim das contas,
É só isso que importa.
Não é mesmo?
Você não teria gostado,
Foi na coxa.
Mas pensei em ti
Enquanto fazia.
E como poderia
Não pensar
Se penso em ti em quase
Todas as horas do meu dia?
Não conheço a tua saciedadae
Entendo.
Queria conhecê-la
Nem que fosse preciso
Te doar cada pedaço
Do meu corpo
E até da minha alma.
Eu te entregaria tudo
De bom grado
Para te ver
Finalmente
Saciado.
Vejo
Que a insaciedade que me mora
É a mesma que te habita,
Exceto talvez pela
Quase certeza que eu tenho
De que és tu meu alimento.
Há um elfo
Me soprando a orelha.
Sussurra:
É ele
Que tu deves devorar.

Tento controlar meu apetite.
Estou faminta a todo momento.
Quero você, quero você comigo.
Quero-te em mim.
Tomo uns dois comprimidos reguladores.
Diminui ansiedade e causa náuseas.
Devo aguentar todos os dias sem amor.
Talvez a dor ajude.
Dizem que devemos beber bastante água.

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