sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A rotina da falta

Sentada na cama
Sinto meus órgãos
Já desconfortavelmente acomodados
Faz apenas duas horas que acordei
Perdi sete horas do meu dia dormindo
E quatro horas e meia
Não fazendo absolutamente nada
O tédio me dá náuseas
Eu só sinto que preciso descansar
Mas meu quarto está muito bagunçado
Eu mal consigo me mover aqui dentro
Eu só queria um pouco de disposição
Pra qualquer coisa
Mas eu estou perdendo meu tempo
Tentando salvar alguém
Eu sou péssima nisso
Eu não sei o que eu estou fazendo
Eu não sei como é que vou viver disso
Eu moro num casulo
Apertado, quente,
Que me esmaga por dentro
Eu estou tentando coisas
O tempo todo
Mas não é como se eu tivesse escapatória
Eu estou produzindo erros
Despejando pedras no caminho
Para meus futuros tropeços
Que absurdo
Eu queria ser perfeita
Mas eu sou exatamente o oposto disso
Estou cansada da luz
E do calor
E de comer
E de manter-me acordada
Eu queria desmaiar, hibernar,
Fingir de morta
Me sentir finalmente descansada
Eu quase não me lembro o que é descanso
Sono, tédio, nada
É quase a minha vida
Isso tá ficando insuportável
Mas é só a vida de todo mundo
É isso mesmo
É normal
Insuportavelmente normal

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